Conheça livros-reportagem clássicos que marcaram época
da Livraria da Folha
Entre os anos 1960 e 1970, um grupo de jornalistas, em sua maioria norte-americanos, passou a usar técnicas narrativas da literatura em suas reportagens, em contraposição ao estilo enxuto e pouco dado à novidades dos textos convencionais. Surgiu, então, oficialmente o gênero literário chamado de "não-ficção" ou "New Journalism", associado à revistas da época que publicavam textos mais longos como a "The New Yorker" e a "Squire". Nessa época foram produzidos alguns clássicos que marcaram o jornalismo mundial.
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Jornalista minucioso invetiga morte de família no interior dos EUA |
"A Sangue Frio" é considerado um precursor do jornalismo-literário. Na obra, o autor Truman Capote (1924-1984) investiga a chacina de uma família realizada no interior dos Estados Unidos. Para concretiza o livro, chegou a passar um ano no vilarejo onde aconteceu o crime, fez amizade com as pessoas próximas aos mortos e conviveu com os assassinos. Sem gravador, o jornalista usava sua memória portentosa para lembrar cada palavra proferida por seus entrevistados e registrá-las quando tivesse privacidade.
Hunter S. Thompson (1937-2005) foi uma das figuras mais controversas desse período. Não satisfeito em apenas apurar suas reportagens, ele chegava a vivê-las, tudo regado por bebida e alucinógenos. Seu estilo foi apelidado de "jornalismo gonzo". Em sua obra-prima, "Medo e Delírio em Las Vegas", o autor foi fazer a cobertura de uma corrida de motocicletas no deserto americano para a "Sports Illustrated". No entanto, aprontou tanta coisa por lá que a narrativa com suas experiências --publicada sob o pseudônimo Raoul Duke -- é que se tornou um livro.
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Autor transformou suas apurações malucas em reportagens clássicas |
Já "Radical Chique e o Novo Jornalismo", reúne artigos clássicos de Tom Wolfe, um crítico mordaz do estilo de vida americano. No volume, estão os artigos "A Garota do Ano", sobre uma socialite e a perda de glamour dos poderosos, "Radical Chique", sobre o embate entre os ativistas negros do movimento Black Panthers e a classe média alta dos EUA, e "O Último Herói Americano", que fala dos bastidores das corridas de stock-car.
Outros jornalistas importantes do período foram Norman Mailer (1923-2007), que fez sucesso também como escritor de ficção, Joan Didion, que ganhou o National Book Award em 2005 com "O Ano do Pensamento Mágico", sobre a vida dela após a morte do marido, Gay Talese, autor do famoso "Frank Sinatra Está Resfriado", entre outras reportagens célebres, e Lillian Ross, autora do clássico "Filme", sobre a produção da película "A Glória de um Covarde".
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Tom Wolfe critica as idiosincrasias existentes no "american way of life" |
Ainda entre os textos mais marcantes do jornalismo literário, estão "Hiroshima", de John Hersey (1914-1993), que faz um retrato comovente sobre os momentos posteriores ao ataque com a bomba atômica no Japão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e "O Segredo de Joe Gould", de Joseph Mitchell (1908-1996), sobre um homem que vivia como mendigo perâmbulando pelas ruas de Nova York e sonhava escrever um livro chamado "História Oral do Nosso Tempo".
No Brasil, o gênero de "não-ficção" caiu nas graças do público leitor. Os pioneiros daqui foram Fernando Morais e Ruy Castro. O primeiro estreou ainda nos anos 1970 com "A Ilha", sobre período em que viveu em Cuba, enquanto o segundo começou, já nos anos 1990, com "Chega de Saudade", sobre a Bossa Nova. Pela trilha aberta por eles, e facilitada pelo fim da ditadura militar (1964-1985), seguiram-se muitos jornalistas talentosos como Eliane Brum, de "O Olho da Rua", e Ivan Sant'Anna, de "Caixa-Preta".
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